Entra conselho comunitário, sai conselho comunitário, entra administrador distrital, sai administrador distrital e Alter continua a mesma, ou melhor, os problemas continuam os mesmos. Parecem sem remédio, sem remendo, sem solução, um empurra para o outro. Será que são os corriqueiros problemas de uma vila em crescimento desordenado? Porque será que suas forças permanecem eternamente em campos opostos? Ocultas, entocadas, esquecendo que juntos poderiam lutar para um bem comum, o bem da vila? Uns explicam com a disparidade entre moradores e eleitores na vila. Sem participação forte na câmara dos vereadores, Alter continuará nesse tipo de limbo, à mercê. Mesmo assim, vamos tocando.
O Conselho Comunitário convidou no dia 06 de Julho de 2023, em conjunto com a Administração Distrital para a reunião aberta para toda a comunidade. Que não apareceu. Nada novo. Mas o convite em si já é um progresso gigante. Pouco tempo atrás as reuniões eram fechadas. Só as associações podiam participar. Quem se aventurava a se infiltrar e abrir a boca, corria risco ser reprimido e até ofendido, tudo em pleno público. Isso é passado.
O conselho e o administrador distrital de pronto receberam queixas, sugestões e muita reclamação. A primeira pauta foi a renovação do estatuto do conselho, há tempo defasado e contraditório. O conselho está com várias sugestões que pretendem envolver a comunidade mais, não somente no momento da eleição. A eleição é sempre extremamente polêmica e concorrida. Está se propondo que se resolva de vez quem forma o conselho e quem pode votar. Uma sugestão é que o conselho seria composto por sócios jurídicos, associações cadastrados e sócios que são pessoas físicas. Os dois tipos de sócios devem contribuir com uma mensalidade simbólica. Outra sugestão é que as famílias, atualmente são mais do que 200, que contribuem com o cemitério, se tornam automaticamente sócios. Essas 200 famílias representam umas 1000 pessoas. Dessa maneira a eleição não seria mais aberta para toda a comunidade. Para presidente só poderia ser eleito um presidente de uma associação membro. Sugestão posta, agora que a vila se pronuncia ou traga outras sugestões.
Saúde
O próximo assunto foi a saúde. O atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) abrange os dois UBS, um no
bairro Nova União que funciona só de dia, outro 24h na orla. Na teoria a
atuação das UBS é fruto de uma ação conjunta entre governo federal, estadual e
municipal. A proposta principal é oferecer atendimento
especializado em postos de saúde instalados nos bairros, de modo a facilitar o
acesso da população e descongestionar o fluxo de pacientes nos grandes
hospitais. Em paralelo à prevenção de doenças, uma Unidade Básica de Saúde atua
em outras frentes primordiais para proteger a saúde dos cidadãos, como fornecer
diagnóstico preciso e oferecer tratamento e reabilitação adequados aos
pacientes. Na teoria Alter dispõe além dos UBS, UNIDADE DE SAUDE DA
FAMILIA também com a operação da AMA (Assistência Médica
Ambulatorial), da ESF (Estratégia de Saúde da Família) e
do PSF (Programas de Saúde da Família).
A prática é
um pouco mais complicada. Falta médico, a ambulância, conquista com tanto
esforço, está há semanas quebrada e muitos outros problemas continuam como prédios
não adequados, falta de estrutura em geral. A maioria dos problemas se reduz a
falta de verba, outros são de gerência. Uma queixa é que o posto 24 horas beira
rio só funciona à noite e o UBS que só funciona de dia, mas está, para variar,
sem médico. E isso na alta temporada. Além disso, estão se discutindo de
implementar uma unidade de atendimento a família no 24 horas que teoricamente
recebe todas as emergências. O que acontecerá na prática é quando chega uma
emergência, todo o pessoal encarregado de atender a saúde da família, se vê
obrigada de atender a emergência. Um caso que precisa ser resolvido.
Ruas e
asfalto - o eterno empurre-empurre
A próxima
pauta foram as ruas, as ruas e claro, o asfalto. Com as chuvas de verão
fortíssimas, nenhuma ladeira deu conta. A chuva levou todos os remendos, muita
areia para os rios os assoreando cada vez mais. O desmatamento desenfreado nos
bairros mais distantes deve ter sua parte nisso. Bairros inteiros surgem de dia
para noite e a vila de baixo recebe todo o troco. Todo o problema ainda piora
com a abertura das ruas no período das
chuvas para colocar enfim a rede de água. Ivan Moreira, administrador distrital
que entende do assunto, explicou que uma empresa é encarregada de abrir as ruas
e colocar os canos. Depois fecha. Outra empresa é encarregada de reparar o
asfalto. Como parece ter pouca sintonia entre esses dois atos/empresas e outros
problemas mais graves no meio, a vila já viu o que deu. Em respeito às ruas sem
asfalto o administrador alega que falta de maquinário adequado para compactar o
barro que foi colocado e a prefeitura por sua vez responde que na vila falta
arrecadação para poder entregar a sua contrapartida.
As próximas
sugestões e reclamações foram: Elas Fazem, um grupo de mulheres que organizam
mensalmente uma feira de artesanato e guloseimas, itinerante e agora quer um
lugar fixo no calendário da vila, continuando o seu sucesso. A parte da queixa,
também uma pauta tão antiga, foi respeito à praça central, sempre cheia de
pessoas não exatamente perfeitas para um lugar turístico. Dona Rosângela dos
Santos trouxe a proposta de convidar a irmandade dos AA, Alcoólicos Anônimos e
os Narcóticos Anônimos para uma palestra. As duas organizações são grupos de
auto-ajuda abertos a qualquer pessoa que queira fazer algo a respeito de seu
problema com bebida ou droga. Trabalham com doze passas que ajudam a pessoa a se
livrar da sua dependência ou com bebida ou com droga. Uma tentativa de apontar
uma solução para um problema grave da vila ou como Dona Rosângela falou: “Lucrar
com a venda de bebida todo mundo quer. Mas lidar com os bêbados ninguém.“ Outra
sugestão dada foi elaborar um abaixo assinado juntando todos os comerciantes em
volta da praça, enfim os mais atingidos. Esse abaixo assinado deve ser levado
aos órgãos públicos que, veja acima, vivem um eterno empurre, empurre entre
eles.
As últimas
sugestões foram sobre o prédio tão necessário do Ensino Médio. Foi sugerido
começar um movimento dentro da vila em prol do mesmo. Além disso, a AMACarauari
lançou um abaixo assinado direcionado a Semurb e a SEMMA, pedindo esclarecimentos através da lei de
acesso à informação em que maneira a prefeitura pretende tirar do papel a lei
que atende o novo marco de saneamento. O ofício não pede só um tratamento mais
sustentável e adequado para o lixo, respectivamente a reciclagem, mas também
educação ambiental, educação ambiental, educação ambiental. Além disso, a
associação dos catadores de lixo de Santarém Coopresan está com um projeto de
tornar o Çairé muito mais sustentável. O projeto será encaminhado aos
organizadores do Çairé na próxima reunião. O grupo de Proteção Animal por sua
vez pediu que as associações presentes e outras assinassem um pedido
direcionado à Zoonose e a SEMSA, secretaria de saúde para contemplar Alter do
Chão com uma nova vinda do Castramóvel.
Assim
estamos caminhando. Muitas reclamações, especialmente nos zaps, e progressos
pequenos. Ou como os moradores daqui dizem – É assim mesmo.