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O paradisíaco Rio Arapiuns vai virar plantio de soja?

O paradisíaco Rio Arapiuns vai virar plantio de soja?
O BOTO
dez. 22 - 2 min de leitura
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Por Caetano Scannavino

Incrível, mas é o que aponta o “Mapa de Aptidão Agrícola de Santarém”, inserido pelos Vereadores ao Plano Diretor do Município. Essa é mais uma das tantas mudanças por unanimidade na Câmara que jogaram no lixo decisões aprovadas em plenária pela sociedade santarena depois de meses de debates, audiências e grupos de trabalho.

Mapa anexado no Plano Diretor alterado pelos vereadores em dezembro, 2018.

O ponto nem é ser contra o agronegócio ou o desenvolvimento, mas nenhum vereador questionar? São décadas de pecuária, exploração madeireira e garimpos de ouro no Tapajós, mais a soja que chegou há 20 anos. O que se vê hoje é um inchaço desordenado das cidades, esgoto a céu aberto, ruas esburacadas, escolas caindo aos pedaços, saúde colapsada, violência e transito como nunca antes, serviços de energia e internet entre os mais caros do país, um calor a cada ano mais insuportável com tantos desmates…

E pelas alterações no Plano Diretor, tudo indica que a ideia é continuar replicando esse modelo de ocupação, com mais famílias deixando suas roças para aumentar a fila de desemprego nas cidades e o processo de favelização. O agronegócio tem sua importância, mas restringir visão de desenvolvimento à soja, boi e outras commodities é apequenar, é continuar exportando alumínio e importando bicicleta de alumínio.

Isso numa região abençoada por belezas naturais como o paradisíaco rio Arapiuns, com potencial turístico gigantesco (aliás, turismo ocupa o 1o lugar no PIB paraense).

Isso numa cidade com tantas universidades que, ao invés de formar gente pra ir embora, poderia vislumbrar plantas industriais de baixo carbono, focadas em inovação, pesquisa, tecnologia, biotecnologia, processamento de produtos florestais.

E sim, também numa zona já ocupada pelo agronegócio, que também precisa avançar vale na mesma lógica de modernização, com políticas e investimentos que reduzam os impactos e aumentem a eficiência, a rentabilidade, em detrimento ao lucro fácil da especulação de terras.

O que está em jogo não é o desenvolvimento, mas qual caminho seguir, se pra muitos ou para poucos, se pra frente ou para trás, se pra passar ou para sempre, se pela vida ou não…

Como dizia o saudoso Nelson Rodrigues, "a unanimidade é burra."

 


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