O BOTO - Alter do Chão
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Da palheira e do Sairé

Da palheira e do Sairé
Susan Gerber-Barata
jul. 17 - 2 min de leitura
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O caminhão da prefeitura cheia de gente, todos prontos para se embrenhar na mata a procura de madeira e palha, chega no Laranjal.

O Sairé de Alter do Chão, festejado no mês de setembro,  iniciou esse ano com bastante antecedência. Seguindo a tradição, a comunidade se juntou no dia 13 de Julho 2022 para recolher no mato as palhas da palheira e as madeiras necessárias para erguer o barracão comunitário, fundamental para o rito religioso do Sairé.

Fogos, lanche e um bom terçado - chegam os ingredientes indispensáveis para o sucesso desse mutirão.

O professor Cleuton organizando os grupos. Os homens cortarão os esteios e a outra madeira necessária para erguer o barracão comunitário do Sairé. As mulheres recolherão a palha, cada uma 3 feixes.

Beira estrada a palheira já fica mais escassez. A ordem do dia é se embrenhar por dentro da mata fechada.

As folhas da palheira, palmeira baixíssima, sem tronco aparente e folhas altíssimas e resistentes, são usadas na região para cobrir casas e barracões, elaborar paredes e até para tampar janelas. Colha-se somente uma única folha ainda não aberta, recém brotada direto do chão.

Feixe após feixe se formando, amarrado com cipó.

O almoço coletivo faz parte de todos os trabalhos comunitários.

A tardinha recontem os feixes já depositados na praça do Sairé. O próximo passo agora é abrir cada folha manualmente.

Sexta-feira à noite, a comunidade se junta para abrir a palha ainda fechada. Corta-se as folhas mais ou menos uniforme. Um chacoalhar abre a palha um pouco. Depois pega-se um punhado e dobra, dobra mais um e por aí vai....

Folha por folha sendo aberta

Lentamente as palhas estão sendo aprontadas

Palmeira localmente conhecidíssima, mas quase sem registro científico

A palheira, também chamada de curuá-pixuna ou palha preta, produz folhas gigantes, extremamente decorativas.

Flor e fruto da palheira. Usa-se somente esse rebroto, um por palmeira.

A palmeira localmente chamada de palheira ou curuá, curuá-pixuna, da família Palmae, Attalea spectabilis, parece ser nativa das matas da região do Tapajós. Há pouquíssimos registros científicos sobre ela tanto quanto sobre a sabedoria de colhe-la e seu uso para coberturas. Seu fruto do tamanho de um bola de pingue-pong contém uma amêndoa oleosa, comestível como os nativos devem bem saber.

Carece urgente de um registro científico, já que o seu uso está desaparecendo. 

 

 


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