Por Milena Raquel Tupi e Ellen Satere Mawé /
Coletivo Suraras do Tapajós
ESSA LUTA NÃO É SÓ DOS POVOS DA FLORESTA, É DOS POVOS DA CIDADE TAMBÉM. SOMOS A FAVOR DA VIDA, DA MÃE TERRA, NÃO QUEREMOS TERRA DE NINGUÉM.
SÓ PRECISAMOS DA TERRA PARA O SAGRADO ALIMENTO, QUE ELA NOS DÁ. E PEDIMOS TAMBÉM A VOCÊS NÃO INDÍGENAS: CUIDEM E LUTEM POR ELA, POIS ELA VIVE SEM A GENTE, A GENTE É QUE PRECISA DELA. NINGUÉM PODE COM ELA. E ELA SE BASTA!
Ato Indígena Janeiro Vermelho | Foto: Israel Campos
No dia 31 de janeiro de 2018, às 17h, saímos em caminhada com nossas faixas, cartazes, cantos e maracas, do Campus Amazônia - Ufopa em direção ao cruzamento da BR163-STM cuiabá com a Av. Tapajós, onde também fica localizado o grande “escoador de sangue”: Porto da Cargíll.
Ato Indígena Janeiro Vermelho | Foto: Israel Campos
No país estão presentes mais de 900 mil indígenas, em Santarém residem diversas comunidades tradicionais, entre ribeirinhos, pescadores, quilombolas e nós indígenas. Entre etnias, somos 13 povos vivendo em diversos territórios e também na cidade. Só quem acompanha nossa luta conhece nossa essência, dos direitos conquistados ferrenhamente, de como garanti-los, das violências sofridas e de quanto estamos sendo desrespeitados com esse cenário de total genocídio.
Ato Indígena Janeiro Vermelho | Foto: Israel Campos
Santarém com uma região tão famosa e visitada por ter lugares únicos de belezas naturais, berço recheado de culturas, identidades, traços, cores, sabores e amores, um povo amazônida acolhedor, simples, feliz e resistente e em grande parte indígenas, sem ter como negar nossas raízes, nossa identidade, nosso ser é indígena.
Ato Indígena Janeiro Vermelho | Foto: Israel Campos
Nossa região com a chegada opressora e dizimatória da colonização fomos submetidos a religião cristã e a língua portuguesa, sob pressão e tentativa do linguicídio, de tentar matar nossas práticas espirituais, querendo apagar nossas identidades indígenas, essas imposições continuam nos dias atuais de diversas outras formas. Mesmo assim seguimos firmes, como mulheres, homens, juventude, sábios anciães e crianças, indígenas em pleno 2019, valorizando nossas culturas, contando nossa própria história, tentando fazer e escrever narrativas verdadeiras, legítimas, justas e com momentos felizes, diferentes dos grandes massacres aqui ocorridos contadas pelos nossos ancestrais.
Ato Indígena Janeiro Vermelho | Foto: Israel Campos
Reivindicamos nossos direitos originários e a garantia deles enquanto indígenas, sendo nós povos autônomos, queremos também respeito e espaço dentro das universidades, lutamos para sermos protagonistas de nossa história, para que nossas vozes sejam ativas nos espaços de poder e tomada de decisão.
Ato Indígena Janeiro Vermelho | Foto: Israel Campos
Lutamos em defesa da vida, pelo nosso rio Tapajós, pelos nossos roçados com cultivos sem contaminações, pela nossa saúde indígena diferenciada, pela nossa educação indígena que seja garantida e respeitada dentro de nossas aldeias, lutamos por dignidade, respeito, contra o racismo, justiça, igual a todo mundo, que precisa disso minimamente. Não queremos nada de ninguém, só queremos o que é nosso por direito, queremos a demarcação de nossos territórios.
Ato Indígena Janeiro Vermelho | Foto: Israel Campos
Dentre todos os governos que passaram, o de Bolsonaro é o pior, com deslavadas políticas de extermínios de nós povos indígenas, visando nos expulsar a sangue frio de dentro de nossos territórios, há 519 anos resistimos em ser escravizados, perseguidos, criminalizados, e o atual governo (que não nos representa) usa do poder e espaço político para “institucionalmente” nos exterminar ou colonizar de todas as formas e tomar posse de nossos territórios.
Ato Indígena Janeiro Vermelho | Foto: Israel Campos
O atual governo carrega um discurso agressivo e descarado contra nós, com racismo e preconceito na tentativa de persuadir em dizer que: precisamos nos integrar à sociedade, a qual tem acentuado crescentemente os conflitos e invasões de terras, assassinatos e perseguição de lideranças, muitos discursos de ódios e racismos por parte da população e etc.
Ato Indígena Janeiro Vermelho | Foto: Israel Campos
Uma delas é a Medida Provisória (MP) n.º 870/2019 e os decretos assinados pelo presidente para reorganizar a estrutura e as competências ministeriais que deixaram, deliberadamente, graves lacunas nos instrumentos e políticas socioambientais. Com a MP 870, o Presidente transfere para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a identificação, delimitação, reconhecimento e demarcação das Terras Indígenas (TIs), esvaziando a Fundação Nacional do Índio (Funai).
Ato Indígena Janeiro Vermelho | Foto: Israel Campos
Ato Nacional pelos direitos indígenas em Santarém-PA.
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