Por Jota Ninos
Palavras, enquanto palavras,
São cruas
São nuas
São minhas
São suas
E jogadas ao vento
São apenas palavras…
Nas mãos do analfabeto
Palavras são quase grunhidos
Balbuciadas, viram harmonia…
Nas mãos do professor
Palavras têm que ter sentido
Codificadas, podem virar lexias…
Nas mãos do capitalista
Palavras são investimento
Multiplicadas, viram mais-valia…
Nas mãos do socialista
Palavras são monumento
Manipuladas, viram ideologia…
Nas mãos do profeta
Palavras têm muitos sentidos
Eternizadas, viram filosofia…
Nas mãos do canalha
Palavras parecem alaridos
Vomitadas, viram pornografia…
Nas mãos da “socialaite”
Palavras são um simples vestido
Sassaricadas, viram um grande cotejo…
Nas mãos da prostituta
Palavras não têm sentido
Despudoradas, reviram nosso desejo…
Nas mãos do missionário
Palavras são essência
Mistificadas, estão para dogmas…
Nas mãos do cientista
Palavras são experiência
Documentadas, estão paradigmas…
Nas mãos do jornalista
Palavras são fatos
Encadernadas, viram notícias…
Nas mãos do apaixonado
Palavras viram atos
Quando sussurradas, viram carícias…
Nas mãos do burocrata
Palavras são problemas
Entrelaçadas, viram documento…
Nas mãos do poeta
Palavras são poemas
Esmiuçadas, viram sentimento…