O BOTO - Alter do Chão
Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
VOLTAR

O impacto na saúde com mercúrio

O impacto na saúde com  mercúrio
se liga alter
mar. 11 - 5 min de leitura
000

No mês de janeiro, o jornalismo comunitário “Se Liga, Alter"  falou sobre o impacto ambiental no Rio Tapajós devido ao aumento da exploração de garimpo ilegais. Os resíduos dessa atividade poluem as águas e causam doenças, atingindo as populações ribeirinhas que necessitam desse rio para pescar, tomar banho e lavar roupas, costumes esses que o povo Borari em Alter do Chão traz na sua cultura.

Multa e reclusão de seis meses a cinco anos para quem causar poluição que resulte ou possa resultar em danos à saúde humana, mortandade de animais ou destruição significativa da flora. Art.54 da Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.

Segundo Heloisa Meneses, do Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde ( PPGCSA) da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), o mercúrio é um tipo de metal pesado encontrado naturalmente no meio ambiente, mas também liberado por meio de diferentes tipos de atividades antrópicas, sendo por isso uma importante fonte de poluição ambiental. Na Amazônia, uma grande quantidade de mercúrio tem sido liberada ao longo das últimas décadas pela atividade garimpeira, mas o garimpo não é a única fonte antrópica de mercúrio: o desmatamento e as queimadas também são fontes importantes de mercúrio na região Amazônica. Quando liberado em grandes quantidades, o mercúrio contamina o ambiente, aquático e terrestre, e a fauna, incluindo os peixes. 





 

                                                                                 foto: Apoena Fotografia 2022


 

Segundo a professora e bióloga Nathalia Prado Oliveira Parente, nos seres humanos, a maior forma de contaminação por mercúrio é através do consumo de pescado contaminado, principalmente em nossa região, uma vez que os peixes estão muito presentes em nossa dieta. Ao entrar em nosso organismo, o mercúrio pode atacar nosso sistema nervoso, sistema digestivo, sistema imunológico, pulmões e os nossos rins. Alguns sintomas mais  específicos dessa contaminação podem incluir tremores, insônia, perda de memória, dores de cabeça, fraqueza muscular e, em casos mais extremos, pode levar à morte. Em fetos em desenvolvimento, cujas mães apresentam altos níveis de mercúrio no sangue, pode ocorrer danos cerebrais, bem como problemas de audição e visão.






 

                                                                                                      foto: Apoena Fotografia 

 

Em tempos de verão, muitas famílias Borari fazem das praias de Alter sua residência. O costume de passar meses na praia vem dos antepassados os quais pescavam para sua alimentação e usavam a água para beber e cozinhar o peixe. Muitas dessas famílias iam pra roça e no fim do dia retornavam com a farinha torrada para o complemento. Com as águas do rio sendo  invadidas por resíduos poluentes, certamente esse costume dos atuais moradores não poderá continuar devido às consequências que podem afetar a saúde dos mesmos.  

Heloisa Meneses diferencia dois tipos de exposição ao mercúrio: ocupacional, relacionada ao ambiente de trabalho, e a ambiental, relacionada ao consumo de alimento contaminado com mercúrio. No caso da Amazônia, existe, portanto, uma exposição ocupacional, através da inalação do vapor de mercúrio, que acomete os trabalhadores de garimpo, e uma exposição ambiental, através do consumo de peixe contaminado por mercúrio, que acomete as pessoas que consomem peixe frequentemente. As populações ribeirinhas são mais afetadas pois o peixe é sua principal fonte proteica, sendo  portanto muito consumido. No entanto, é importante ressaltar que os efeitos dessa exposição variam entre as pessoas. Então não podemos afirmar que todos que consomem grande quantidade de peixe vão ficar doentes, porém a chance de vir a ter algum problema de saúde decorrente da exposição ao mercúrio é grande.

O que se pode fazer para evitar maior contaminação?

Acabar com a emissão de mercúrio no ambiente, eliminando suas fontes. No entanto, mesmo que toda a liberação de mercúrio de origem antrópica fosse encerrada hoje, ainda demoraria muito tempo para reduzir a contaminação do ambiente, dos peixes e dos seres humanos. Portanto, o que podemos fazer é recomendar, se possível, a redução na quantidade de peixe consumida, e a busca por uma alimentação mais diversificada, incluindo o consumo de vegetais, frutas e outros tipos de fontes proteicas. No entanto, essa recomendação, infelizmente, pode não se aplicar a todos, pois sabemos que para algumas pessoas o peixe é a principal fonte de alimento no dia a dia e que isso não tem como mudar.

Essa foi nossa matéria de jornalismo do mês de janeiro de 2022. Aguardamos vocês no nosso próximo encontro. Até lá, se liga, Alter!

Samara e Enilda Borari

kuwekatureté 

Muito obrigada (o)

 


Denunciar publicação
    000

    Indicados para você