Neste 7 de Setembro, movimentos sociais de Santarém/Pa ocupamos as ruas da cidade no Grito dos Excluídos. Levando faixas e cartazes, denunciamos: “Esse sistema não vale. É insuportável: Exclui, degrada, mata”. Uma referência às injustiças causadas pelo sistema capitalista que oprime e viola direitos da população, negociando-os como mercadorias. Um sistema realmente insuportável que exclui os mais pobres, degrada a natureza e mata os favelados, os negros e negras, os lutadores em defesa do meio ambiente, da terra e dos territórios dos povos amazônidas - indígenas, ribeirinhos, agricultoras, pescadores, agroextrativistas, quilombolas, estudantes, jovens das periferias e trabalhadores urbanos.
Numa mistura de ousadia e coragem, conseguimos romper o bloqueio do desfile dos militares e ocupamos a Avenida Tapajós. Tentaram nos retirar do espaço, mas resistimos e permanecemos firmes tomando a rua com nossas faixas que denunciavam as questões de âmbito local, como a opção da gestão municipal em implementar a terceirização da saúde, do transporte coletivo e do abastecimento, dificultando ainda mais o acesso da população a esses serviços que são, na verdade, direitos do povo e não mercadoria.
As problemáticas nacionais, como os cortes de verbas públicas para educação e para a ciência também foram denunciadas na avenida, assim como o desemprego e as ameaças à democracia.
Também expusemos a crescente e inaceitável onda de violência contra a mulher. Os casos de feminicídio tem aumentado de maneira assustadora. Isso é consequência de uma sociedade erigida sobre o patriarcado e o machismo que objetificam a mulher como “propriedade dos homens”. Gritamos contra essa violência que continua ferindo e matando mulheres todos os dias e reivindicamos uma sociedade em que a equidade de gênero seja compromisso de todos e todas.
E, claro que não poderia ficar fora do Grito dos Excluídos, as queimadas e toda forma de degradação da nossa Amazônia, como o agronegócio, a mineração e o monocultivo de soja que prejudicam nossa saúde, a qualidade da nossa água e a preservação das nossas florestas. A destruição da Amazônia ameaça a reprodução dos modos de vida das populações locais, mas também põem em risco a sustentabilidade do planeta como um todo.
O Grito do Excluídos desse ano foi um chamado à sociedade para refletir sobre a impossibilidade de manutenção desse sistema degradador das diversas formas de vida. Precisamos repensar nossas relações de consumo e a forma como nos posicionamos diante de tantas violações. Não podemos tolerar governos que incitam a violência, impulsionam preconceitos e discriminações, impõem retrocessos em políticas públicas essenciais como a educação, a ciência, a cultura, as arte, o emprego e o meio ambiente.
Lutamos por justiça, direitos, liberdade, terra e território. Vida em primeiro lugar. Que o nosso Grito, dos amazônidas, ecoem pelo Brasil e pelo mundo, pois lutamos todos os dias pela preservação da floresta que se traduz na luta pela garantia dos nossos modos de vida e da vida de todo o planeta. Chega de cobiça, as soluções não são capitalistas.