O BOTO - Alter do Chão
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ERA UMA VEZ...

ERA UMA VEZ...
Gabriel Buchalle
jul. 5 - 1 min de leitura
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...e lá pelos tantos atrás

A floresta cantava,

A Curupira assobiava,

A mãe do mato gritava

E eu, criança, a tudo escutava.

 

Dormir com aqueles sons

Acordar com aquela sinfonia

Trazia pra dentro d’alma

Um sentimento de euforia

Que não era utopia.

 

Pai Marapuã e mãe Caípin

Protetores das matas e dos rios

Ecoavam seus cantos na copa das árvores

Filho Cauapê dedilhava notas nas águas

E a filha Yaciã o vento acariciava.

 

Aonde estão meus guardiões

Minha sinfonia afinada

O sol que me bronzeava

O piquiazeiro que me abrigava

E os rios que me banhava?

 

Meu pai, minha mãe, meus irmãos

Cadê vocês?

Esse canto não é o mesmo

É desafinado, sem acordes

Sem alegria.

 

É o ronco da motosserra

É o canto pavoroso das dragas

É o som de estampidos

É a fuga da mata

É o fim.

 

Grita por socorro esta terra

Ninguém ouve, ninguém quer ouvir

Irmãos filhos adotivos ouvem o grito

Correm a socorrer

Não conseguem, não voltam.

 

Pai Marapuã e mãe Çaípin

Filho Cauapê filha Yacyã

Ouvem um estampido

Tudo silencia

Tudo acaba.

 

Florestas caíram

Rios evaporaram

Animais desapareceram

Peixes contaminaram

As lagrimas secaram. 

 

 

Uma homenagem à natureza e um pouco a Dom Phillips e Bruno Pereira

Gabriel Buchalle

 


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