O boto Daniel Gutierrez conta como surgiu a Brigada de Alter do Chão, que combateu 12 incêndios só no último trimestre. A partir dessa primeira apresentação, a brigada inaugura no jornal da vila uma coluna para contar sobre como podemos ajudar, medidas de prevenção e noticiar as ações da equipe. Fique por dentro e ajude! ❤
Por Daniel Gutierrez
Qual a principal causa de incêndios em Alter?
Daniel Gutierrez: A vila é cercada de florestas e pela savana. A maior parte (95%) dos incêndios florestais, segundo dados dos Bombeiros, acontece por causa humana direta. Ou seja, criminoso. Os outros 5% acontecem por raios e outras causas bem mais difíceis de efetivamente iniciar um incêndio, como garrafas de vidro jogadas no chão ou bitucas de cigarro. Como aprendemos no curso: todo incêndio começa com um fogo que pode ser apagado com os pés. Por isso, é muito importante que, se um incêndio for detectado por qualquer cidadão, ele seja comunicado imediatamente aos Bombeiros através do NIOP (193 ou 190) e à Brigada de Alter para que possamos agir rápido.
Foto de João Romano e Daniel Gutierrez Govino
O que podemos fazer para evitar incêndios na vila?
Daniel Gutierrez: Uma das coisas mais importantes para que todo cidadão evite incêndios: não queime seu lixo ou terreno. É crime queimar um terreno sem autorização da Secretaria de Meio Ambiente do município. Mas se for queimar mesmo assim, controle o fogo. Seja responsável pela área que decidiu queimar porque um pequeno fogo pode se espalhar e provocar sérios problemas.
Em caso de fogo, o que é primeira coisa que devemos fazer?
Daniel Gutierrez: Caso detecte um incêndio avise a Brigada de Alter imediatamente através dos telefones abaixo ou por qualquer grupo de whatsapp da Vila, estamos em todos. Ligue também no 193 ou 190 para registrar a ocorrência. Esse alarme rápido é de extrema importância para que tenhamos tempo de agir. É responsabilidade de cada um zelar pela nossa Vila e pela nossa Floresta. Estamos a serviço de vocês.
Qual é o passo a passo no combate a um início de incêndio?
Daniel Gutierrez: A nossa forma de atuação está ganhando cada vez mais em eficiência à medida em que cresce nossa experiência. Nós seguimos o que aprendemos no curso e quando o incêndio acontece nós atuamos da seguinte forma:
Detecção: é quando recebemos a informação sobre o fogo ou quando nós mesmos detectamos um incêndio.
A informação chega a nós através do telefone ou dos grupos de whatsapp da Vila. Depois de recebida a informação, o brigadista que estiver mais próximo vai até o local para fazer a detecção. A partir daí iniciamos o segundo passo.
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Comunicação: Passamos a situação no nosso grupo da Brigada de Alter, no grupo da Brigada 21 - que juntou as cidades de participaram do curso. Nesses grupos estão alguns moradores, a Brigada de Alter, os Bombeiros e a Polícia Militar. O brigadista de plantão passa a situação real a todos os envolvidos.
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Mobilização: a gente vai até o local, sobe um dos drones da Brigada (drones particulares à disposição da comunidade) para ver de cima o tamanho do fogo e da área afetada. A partir dessa imagem temos um geral de como poderá ser o combate, o que chamamos de Estudo da Situação. A gente recebe orientações dos Bombeiros sobre a melhor forma de atuar. Eles nos perguntam se nós precisamos deles ou se podemos combater sozinhos e juntos definimos a aplicação dos Métodos de Combate. Essa mobilização está sendo apoiada normalmente pela Polícia Militar, que nos busca na sede da Brigada para transportar os brigadistas e os equipamentos. Esse apoio é de extrema valia porque eles tem um carro grande, traçado 4x4, e porque nos dá segurança, pois algumas áreas são de invasão.
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Controle: é o combate em si. Passamos horas ou até dias até que o incêndio seja controlado. Usamos nossos EPIs e os equipamentos emprestados pelos bombeiros: 4 abafadores, 1 mochila costal e 2 mac louds que são como ancinhos especiais para incêndio. Além disso usamos facões, enxadas, foices e uma roçadeira recentemente doada pelas donas da Pousada Vila de Alter. Nós não descansamos até que o fogo seja controlado.
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Rescaldo, que é o momento de acabar com focos resistentes e outras ameaças de o incêndio voltar a tomar força. Ao final fazemos a desmobilização que quando voltamos pra casa, organizamos e contamos os equipamentos reorganizando tudo para que fiquem de fácil acesso para os próximos combates.
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Vigilância e Monitoramento, normalmente no outro dia, voltamos ao local para fazer a para garantir que o fogo foi totalmente extinto. A inteligência e a comunicação são essenciais. Brigada, Bombeiros e Polícia estão em contato muito próximo para os combates. Além desses atores diretos estamos recebendo bastante apoio da Comunidade e das entidades como o Conselho Comunitário, o Conselho de Segurança, a ATUFA e outros. Essa rede de comunicação só cresce é de extrema importância para a eficácia do nosso trabalho.
Agradecemos a entrevista e esperamos sempre dicas de vocês aqui no Boto.
Daniel Gutierrez: Estamos muito felizes com essa nova coluna no jornal O Boto, onde poderemos compartilhar nossas experiências no fogo, nossos planos para o presente e para o futuro da Brigada. Contem conosco! Contamos com vocês!