Acampar com toda a família num dos pontos mais
emblemáticos do Rio Tapajós, no meio do nada, na ponta do Cururu trás não só
para Jorginho Borari - George Felipe Pedroso de Castro – lembranças das mais
gostosas, mas também para toda família Pontes, bastante numerosa. Os
membros mantém essa tradição, iniciada
lá em 1945, até hoje.
Jorginho também conta como a mesma ponta, terras da
União, foi grilada e recentemente quase foi ao leilão. Aparentemente existem
esforços do Incra que parece que pediu o cancelamento do título de domínio e do
registro imobiliário desse ponto muito importante para o turismo de Alter do
Chão como o objetivo que as terras voltam para a gestão do Governo Federal.
Jorginho se lembra: Maria Ieda Corrêa Pontes e Maria Izaura
Corrêa Pontes não iam porque eram casadas. Já os mais novos que iam sempre eram:
Raimundo Corrêa Pontes, José Corrêa Pontes, Porfirio Corrêa Pontes (mudou-se
para Roraima em 1974), Dolores Corrêa Pontes (Dolores e Raimundo eram gêmeos),
Mestre Otávio Corrêa Pontes e Ermita Corrêa Pontes. Primeiramente, o
acampamento acontecia na Ponta do Cururu. Após a venda da área para a VARIG
(Rede de Hotel Tropical), a família começou a realizar a tradição do
acampamento num ponto perto onde até hoje se encontra.
A patriarca dona Ermita, professora e diretora da Escola de Alter do Chão, passará um ano em Santarém, dos 13 aos 14 anos, estudando. Condições
não tão favoráveis fariam com que ela voltasse e se mudando para a então vila
de Belterra (hoje município). Foi morar em Belterra, até os 17 anos, onde então
concluiu o ensino normal (hoje seria o fundamental), retornou à Alter do Chão e
foi trabalhar na escola da vila substituindo a professora Osmarina. Após isso,
trabalhou na vila de Aramanaí como professora.
Dona Ermita voltou à Alter do Chão em 1958, conhecendo então o meu bisavô, Oscar Lobato, com o qual veio a se casar. Em 1960 nascia seu primeiro filho, Sóstenes José Pontes Lobato (codinome Tico), o qual mora, até hoje, na Ponta do Cururu. Depois nasceram Selma Pontes Lobato, Suzete Pontes Lobato, Sirene, Sebastião, Deco, Nando, Val e Seila. Assim sendo, ela deu seguimento, já com a sua família formada, à tradição desse acampamento. Esse acampamento teve apenas uma interrupção de um ano e manteve-se constante após isso. Seus irmãos mudaram-se de Alter do Chão. Ficou somente Raimundo, até 1960, quando faleceu.
Com o passar dos anos, suas filhas e filhos cresceram, constituíram
família e mantiveram a tradição, levando seus filhos (netos da Ermita e do
Oscar) e seus netos (bisnetos da Ermita e do Oscar). É uma bonita tradição de anos
que continua firme e forte até hoje.
Dentro desse mundo encantado e de tradições criaram-se várias
lendas, anedotas e dizeres. Um deles é a inesquecível história do "Borocotió",
homem feio que assusta as crianças, encenado por meu pai/avô Cleidinaldo Sardinha.
A entrada triunfal dele, vestido com um lençol velho, deu-se justamente em
setembro, no aniversário do meu primo, Oscar Lobato Neto, fazendo, então, todos
rirem com a plateia toda “pitiú” de peixe.
Lá, também, meu tio, Sidenil Afonso (Deco), assustou muitos
gringos e visitantes que lá iam dormir, pois, quando eles passavam por nosso “tapiri”
improvisado, meu tio falava com um tom de deboche e amedrontando-os: - Olha,
cuidado com a “curuviana". Mal eles sabiam que era somente o frio.
P.S. Um resumo sobre a atual “situação imobiliária” da Ponta
do Cururu. A história é a seguinte: nos anos 70 e 80 a Varig tomou conta do
local (grilou) e disse que a área era dela. Nessa época, a Varig construiu um
Tropical Hotel em Santarém (hoje Barrudada Hotel), fins fomentar o turismo na
região. A Ponta do Cururu passou a ser um dos "points" do turismo
para estrangeiros da Varig. Nenhum brasileiro ia lá, somente nativos e
estrangeiros.
Com o início da derrocada da Varig, nos anos 90, ela
"vendeu" a área para um artista plástico norte americano casado com
uma índia Kaxinauá. Esse casal construiu o Museu do Índio em Alter do Chão (onde
é hoje o Hotel Borari) e ganharam e fizeram muito sucesso (internacional) com
isso. Ele já faleceu e ela mora em Houston (USA). Antes de falecer, ele
"vendeu" a área para a YMCA-Brasil (Associação Cristã de Moços).
A YMCA colocou dois nativos como "vigias" da área
por quase 30 anos. Faliu e deixou de pagar os nativos. Eles entraram na
justiça. Então, a área que foi posta à venda pela Justiça do Trabalho (porém
sustada pela mesma justiça) nunca poderia ter sido negociada. Tudo começou com
a grilagem da Varig.