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1967 , Bolívia, o resumo de uma luta

1967 , Bolívia, o resumo de uma luta
em quanto o mundo acaba
out. 9 - 8 min de leitura
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Na manhã do dia 8 de outubro 1967, o grupo guerilheiro de Ernesto Che Guevara foi emboscado pelo exército boliviano nas profundezas da quebrada del Yuro


Antes de partir para cuba, o jovem revolucionário, tinha avisado a Fidel que, no momento mais oportuno, ele se somaria ao combate pela libertação de outros povos. Por isso, mesmo com amplas responsabilidades na revolução cubana, depois da experiência no congo, Che decide partir para bolívia com um grupo de guerrilheiros cubanos. Ernesto Guevara convocou pessoalmente os combatentes que o acompanhariam e se negou a aceitar a recomendação de não somar-se ao grupo de guerrilheiros antes da segunda fase, para assim preservar sua vida dos grandes perigos que guardam a luta inicial. 

Che chegou ao território conhecido como bolívia em meados de novembro de 1966, para dar início junto de seus companheiros as fases de exploração, reconhecimento do território, organização dos combatentes e estudo das suas capacidades psicológicas, políticas e morais, para encarar a grande missão que realizariam.

Quadros de base da juventude comunista e de outras organizações bolivianas, assim como trabalhadores das minas, estavam dispostos a se unir com o grupo insurgente. Desgraçadamente, veio a primeira traição nessa luta: Mário Monje, que era secretário geral do partido comunista boliviano, não cumpri com sua promessa e impede que muitos deles se juntem a coluna formada por Che. 



A primeira emboscada planejada pelos guerrilheiros acontece em 23 de março 1967, rendem as forças inimigas em 6 minutos fazendo 14 prisioneiros, incrementando seu arsenal com 3 USIS, 3 morteiros com 64 projéteis, 2 bazucas, 16 mauser com 2000 munições! Vale salientar que, assim como na clandestinidade em Cuba, a primeira fase era de recuperar armamentos e de soltar os prisioneiros (que eram bem tratados). A emboscada daquele dia tinha sido levada por 7 guerrilheiros, contra 32 soldados bolivianos! Logo depois desse sucesso, as ações do mês de abril alarmaram o governo encabeçado pelo General René Barrientos e os serviços de inteligência estadunidenses, atarefados há meses em localizar o Comandante Ernesto Che Guevara.


No seu informe de abril o comandante escreve : " parece seguro que los norte americanos intervendrán fuerte aqui e ya están mandando helicópteros" e termina sobre sua tropa "la moral es buena" 

 

Muitos combates, emboscadas, historias incríveis aconteceram desse momento até o 8 de outubro 1967. Essas histórias são relatadas em muitos livros e documentários, entre outros no "diário del Che en bolívia" e "Seguidores de un sueño" por Elsa Blaquier Ascaño que inspiram meu relato de hoje.

Uma das histórias mais fortes é o momento em que dois grupos se separaram e se perderam um do outro por 4 meses : 9 homens e 1 mulher compunham um dos grupos, e mesmo nesse número conseguiram aterrorizar o exército que mandava cada vez mais soldados. No 31 de agosto 1967, a um dia de se reencontrar, o grupo da retaguardia caiu numa emboscada fatal (mais uma vez, uma traição). 


Os primeiros dias de outubro são tensos, a rádio anuncia que tem 1800 soldados buscando a guerrilha que agora conta com apenas 17 revolucionários, e reitera a recompensa de 5000 pesos bolivianos por qualquer guerilheiro, vivo ou morto.

Na noite do 7 de outubro os revolucionários empreendem uma marcha fatigosa, avançam pela quebrada del Yuro, o esgotamento físico após dias comendo mal, sem poder acender fogo para cozinhar, o caminho difícil, as deploráveis condições de saúde de alguns combatentes, leva o Che a dar a ordem de descanso as 2 da manhã sem ter alcançado a elevação prevista. Um campones avista eles nessas 2hs de descanso, é relatado que ele indicou a posição da guerilha para o exército boliviano. As 4h da manhã retomam o caminhar e rapidamente detectam a presencia do exército que começa o cerco. Conforme o testemunho do Pombo , o Che organizou a toma de posições: estabeleceu a defesa designando a Antônio, Chapaco, Arturo e Willy para a entrada da quebrada, Benigno, Inti e Dario no lado esquerdo com a missão de garantir a entrada e segurar uma possível retirada. Pacho ficou do lado direito numa espécie de ponto de observação, Urbano e Pombo ficaram no extremo superior. O Che determinou também o lugar para entrar em combate, outro para agruparse estrategicamente e a direção para dispersar.

O combate só começa às 13h após longas horas de silêncio, por mais de 2h se escuta o barulho ensurdecedor de metralhadoras, bazucas, morteiros e granadas, até que o tiroteio vai se retirando mais em baixo. Pombo relata que ao voltar para posição de Che, junto com Urbano e Nato, não acharam o comandante. O alto sentido humano do Che, e sua exemplar atitude, haviam levado ele a socorrer os doentes , ficou cuidando do Chino. Antônio, Pacho, Arturo e Willy ainda estavam contendo as forças que os atacabam pela parte inferior do Yuro. 

Che foi ferido numa perna e foi obrigado a esconder Chino, continuou só com Willy. Paralelamente, Urbano, Nato e Pombo conseguiram unir-se com Benigno, Inti e Dario. 

Segundo relatos, o encontro dos soldados Balboa, Choque e Encina com Willy e o comandante resultou no momento em que o Che estava curando sua perna ferida no combate, estava desarmado. 

Os soldados comunicaram a captura, foi notificado de forma textual: " Hora: 14h50 hoy a 7k N.O de Higueras en Junta Quebradas Jaquey-Racetillo a las 12h se librose acción, hay 3 guerrilleros muertos y 2 heridos graves"

A las 17h iniciam a dificultosa marcha até o povoado de La Higuera. O Che na frente, de mãos atadas, escoltado por varios soldados, depois o Willy, o Pacho carregado por soldados pois não podia se manter em pé, e finalmente os corpos de Antônio e Maduro.

No dia seguinte as 10h, Ernesto Che Guevarra, o herói da revolução cubana, foi friamente executado. Enquanto isso, 10 guerrilheiros ainda tentavam se reencontrar no lugar pré-determinado pelo comandante, só 5 conseguiram sair da Bolívia pela fronteira do Chile. Deles, Inti e Dario voltaram para Bolívia fiéis ao juramento realizado com seus companheiros de luta e foram assassinados em 1969. 


Che valorizou a guerra de guerrilhas como a forma idônea de lutar na América Latina, para a tomada do poder político e a transformação de uma sociedade já falida.


Dos 38 combatentes que caíram nesse histórico gesto de libertação, 20 eram bolivianos, 14 cubanos, 3 peruanos, e uma argentina.

Fica aqui minha homenagem e reconhecimento a eles. Este grupo foi uma verdadeira união de revolucionários corajosos nascidos em diferentes geografias deste continente e de camadas sociais diversas. 

Hoje, na bolívia e na américa latina, batalhamos por materializar o sonho de libertação de quem não duvidou em, adubar com seu sangue, o caminho das nossas lutas para um mundo mais justo.

O Che é um representante gigante de uma idéia que segue crescendo! Sua imagem, sua força, sua influência, se multiplicou além das fronteiras.


UM COMBATENTE PODE MORRER MAIS JAMAIS AS SUAS IDEIAS!


HASTA LA VICTORIA SIEMPRE


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