O BOTO - Alter do Chão
Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
VOLTAR

Entrevista com o presidente do CONSEG

Entrevista com o presidente do CONSEG
O BOTO
dez. 5 - 7 min de leitura
000

O Conselho Comunitário de Segurança de Alter segue o modelo do que acontece em várias comunidades pelo país e atua na prevenção e combate à criminalidade. Para conhecer um pouco mais sobre sua importância na vila, saber como ajudar e acompanhar notícias e campanhas de prevenção, convidamos o Conseg a inaugurar esta coluna neste jornal. Como primeira matéria, leia a seguir uma entrevista com o presidente Kleber Souza da Costa, 42 anos, morador da vila há 15 anos, atualmente trabalha como assessor parlamentar na Câmara Municipal de Santarém, é casado e tem dois filhos.

Por Patrícia Kalil e Hellen Joplin

Alter estava com muitos casos de roubos no final de 2017 e começo deste ano.  Até o governador do Pará, Simão Jatene, recebeu um pedido quando visitou Alter do Chão por segurança e inteligência para proteger a vila, moradores e turistas. Foi nesse momento que surgiu a ideia de formar um Conselho de Segurança?

Pedido de apoio para Segurança Pública em Alter do Chão entregue por lideranças indígenas ao governador do Pará, Simão Jatene, em março deste ano.

Kleber Souza da Costa:  Desde outubro 2012, com o evento da morte do casal Jéssica e Mauro a questão da segurança é uma discussão presente na comunidade. O crime nos deixou muito triste e abalados. Ninguém imaginava que jovens comunitários da vila poderiam estar envolvidos. E estavam. Foram criados aqui, cresceram aqui, são daqui de Alter do Chão. Foi um momento de choque na vila. Acompanhamos a Polícia Civil e a polícia de Belém, em 14 dias de investigação. Depois disso, ano a ano, vinha se intensificando o problema de furtos, de roubos e, também, do tráfico.

Como o Conselho foi criado?

Kleber Souza da Costa: Esse crescente de problemas de segurança pedia respostas e soluções. Que tipo de vida queremos no presente e no longo prazo? O Conseg foi uma proposta levada pelo Conselho Comunitário, visto que tínhamos uma necessidade dentro da comunidade.

É visível o trabalho do Conseg. Você tem dados sobre a diminuição do crime na vila nesse período?

Kleber Souza da Costa: Nós não temos dados estatísticos atuais. Temos o dado levantado pela a Polícia Militar através do NIOP (Núcleo Integrado de Operações) no ano passado e algumas informações pela Superintendência da Polícia Civil. Os relatórios desse ano ainda não foram repassados oficialmente, mas já nos adiantaram que houve uma diminuição de quase 50% das ocorrências na área de furtos e roubos nos últimos seis meses.

Tirando aquilo que deve ser sigiloso e estratégico, o que foi feito que garantiu o resultado positivo?

Kleber Souza da Costa: A participação da comunidade foi fundamental com informações de ocorrências em tempo real. Pedimos a instalação de 4 câmeras de monitoramento de 360º para inibir os furtos. Cobramos, também, mais presença da Polícia Militar e de uma equipe da Polícia Civil na UIPP Alter do Chão. A PM recebeu manutenção da viatura, melhorou o efetivo para 20 policiais e recebeu duas motos novas. A Civil hoje tem dois investigadores, um escrivão, uma delegada e dois administrativos. Antes só tinha dois administrativos. Recebemos também uma viatura mais adequada e o ambiente da UIPP para registro das ocorrências tem melhor estrutura. Essas melhorias deram agilidade aos procedimentos internos para apresentação de denúncias contra aqueles que comentem um crime à justiça do Estado.

Qual a diferença entre o Conselho Comunitário e o Conseg?

Kleber Souza da Costa: O Conselho Comunitário é responsável diretamente pelas ações de desenvolvimento dentro da comunidade na área de saúde, educação, infra-estrutura e também pode cobrar a questão da segurança. O Conselho tem que alavancar as associações comunitárias da vila. Já o Conseg é específico para tratar de assuntos da segurança pública aqui e nas comunidades circunvizinhas. Como se trata de uma entidade com muito mais força e de utilidade pública, nós temos um acesso muito mais rápido e direto com a diretoria deste conselho. Nós nos preocupamos com o coletivo, não com os individuais.

Qual é a relação entre esses dois conselhos e as instituições do governo?

Kleber Souza da Costa: O Conseg nos dá uma opção mais próxima junto às instituições de segurança, aos comandos das instituições que as reivindicações sejam aceitas rapidamente, chegando até ao Secretário de Segurança do Estado. Nós temos contato hoje com o Tenente Coronel Maués, comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar, com o Coronel Tomaso, comandante do Comando de Policiamento Regional (CPR 1), com o Delegado Gilberto, que agora é coordenador no Centro Regional de Governo do Baixo Amazonas (Secretaria Especial). Temos autonomia para discutir segurança com as instituições.

Na apresentação feita na praça, que foi um evento bastante agregador e alegre, falou-se na importância da participação dos moradores da comunidade. Como se dá isso na prática? O que cada um pode fazer para ajudar e participar?

Kleber Souza da Costa: Todos podem trazer sugestões para o Conseg para melhorar a segurança da rua ou vizinhança. Ou pessoalmente ou por Whatsapp (991.47.1929). Essas sugestões podem pautar reuniões de trabalho, como propostas. Além disso, no dia a dia, pedir ajuda se está vendo algum ato criminoso (por exemplo, ver alguém sendo assaltado) ou se notar alguma situação suspeita (por exemplo: alguém ou carro estranho em horário estranho parado ou observando casas de uma rua).

O Conseg vai começar alguma ação de prevenção educativa? 

Kleber Souza da Costa: Vamos fazer uma campanha dentro das escolas para mostrar o que é segurança pública, conversar sobre a vulnerabilidade de adolescentes e agregar na formação desses jovens. Um dos projetos que queremos fazer em breve é explicar que criança não deve levar outra criança para escola, que precisa sempre ter um adulto responsável por perto.

___________________

Com uma coluna exclusiva no BOTO, o Conselho de Segurança contará no jornal comunitário informações para a comunidade, além de ideias e propostas para debate. Com transparência e confiança, assim como o bairro do Carauri já tem sua coluna, o coletivo Suraras, pouco a pouco, que todas as associações de moradores e conselhos sigam esse modelo de divulgar, informar e ouvir a comunidade. Acompanhe e fique por dentro. 


Denunciar publicação
    000

    Indicados para você